terça-feira, 10 de julho de 2012

     Eu acho que o tempo parou, acho mesmo, mas não deve ser nada, nada que não possa ser ignorado.
     Não sei exatamente como isso aconteceu, só sei o porquê. Por sua causa, é claro, é sempre por sua causa, tudo o que eu faço. Mas dessa vez, pela primeira vez eu estou me sentindo oca, sabe como é? Aposto que não, aposto que ninguém nunca saiu da sua vida assim, tão bruscamente que acabou levando tudo o que você tinha por dentro, e o pouquinho que sobrou ficou marcado com as lembranças.
     Não, aposto que você nunca sentiu isso, aliás, você nunca sentiu nada né? Em todo esse tempo, depois de tudo o que a gente passou, esse é o melhor que você pode fazer? Sair assim, sem dizer nada, sem nem olhar nos meus olhos? Isso dói muito, parece uma ferida aberta bem no meio do meu peito, um buraco, para ser mais precisa. Eu preciso juntar as minhas duas metades, mas está difícil, eu não quero, estou com preguiça de me reconstruir agora, são tantos pedacinhos...
     Vou ficar assim, parada, calada, bebendo um pouco, talvez. Sabe que até que está confortável? Então, por favor mantenha o seu silêncio e saia sem fazer barulho para eu não notar a sua ausência.