terça-feira, 10 de julho de 2012

     Eu acho que o tempo parou, acho mesmo, mas não deve ser nada, nada que não possa ser ignorado.
     Não sei exatamente como isso aconteceu, só sei o porquê. Por sua causa, é claro, é sempre por sua causa, tudo o que eu faço. Mas dessa vez, pela primeira vez eu estou me sentindo oca, sabe como é? Aposto que não, aposto que ninguém nunca saiu da sua vida assim, tão bruscamente que acabou levando tudo o que você tinha por dentro, e o pouquinho que sobrou ficou marcado com as lembranças.
     Não, aposto que você nunca sentiu isso, aliás, você nunca sentiu nada né? Em todo esse tempo, depois de tudo o que a gente passou, esse é o melhor que você pode fazer? Sair assim, sem dizer nada, sem nem olhar nos meus olhos? Isso dói muito, parece uma ferida aberta bem no meio do meu peito, um buraco, para ser mais precisa. Eu preciso juntar as minhas duas metades, mas está difícil, eu não quero, estou com preguiça de me reconstruir agora, são tantos pedacinhos...
     Vou ficar assim, parada, calada, bebendo um pouco, talvez. Sabe que até que está confortável? Então, por favor mantenha o seu silêncio e saia sem fazer barulho para eu não notar a sua ausência.

sábado, 8 de outubro de 2011


Hoje eu só quero paz... Ou um dia parado, vazio e cinza. As vezes faz até bem.
É assim que eu estou, morta-viva, ainda estou respirando, meu coração continua batendo, eu sei, tenho plena consciência disso. Mas parece que é só isso, todas as outras necessidades simplesmente sumiram, minhas vontades? Não as conheço mais.
Acho que hoje eu não quero sentir nada, e está dando certo, sempre dá, deve estar no automático.
Hoje eu estou tão vazia que se eu sair na rua o vento pode me levar, não sei pra onde, mas quem se importa? Desde que me leve para bem longe, eu não ligaria. Só quero fechar os olhos e não pensar em nada, ficar assim, até amanhã ou depois.

Alice N.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

          As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa. Nada é  insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrar ciclos.
          Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.


Fernando Pessoa

sábado, 11 de junho de 2011

O amor

Embalada nesse clima de dia dos namorados, lembrei de um texto que é perfeito para a ocasião. É que em uma aula de português a professora me mandou fazer uma redação sobre o amor. Ok, eu fiquei completamente perdida tentando achar palavras para descrever um sentimento tão complicado como esse.
  Ai vai o texto, espero que gostem.

"      Quando alguém fala de amor, a primeira cena que vem à cabeça é a de um casal apaixonado numa praia, um restaurante ou alguma outra coisa bem clichê retirada de algum filme antigo de romance.
       Mas as coisas não são bem assim, você não vai ouvir sininhos quando beijar a pessoa amada, ou ouvir um "eu te amo" em uma praia deserta à luz da lua. Não, você vai receber flores numa segunda-feira de manhã quando menos esperar e por algum motivo bobo. Talvez ouça o tão esperado "eu te amo" durante um jogo de futebol ou algo parecido com isso.
      Sabe porque? por que o amor é imprevisível, não fica esperando pelo momento perfeito, pelo contrário, se apresenta no momento mais inesperado e o torna perfeito, perfeito por ser único, logo, é especial."


E ai? Gostaram?

Beijinhos :*

Alice N.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O desapego

É engraçado... eu estava lendo sobre o desapego, e descobri que não é o meu caso. Sempre achei que esse meu "desapego" das pessoas, era porque eu não tinha mais a essência, aquele interesse que eu tinha pelas pessoas, em conhecê-las melhor havia acabado, que eu simplesmente tinha aprendido a lição e não sentia mais nada, que eu tinha secado.
     Foi quase isso. O caso é que, eu estou esgotada, cansada demais pra correr atrás de algo, ou alguém. Vontade eu tenho, só não tenho forças.
Eu me sinto tão anestesiada, apática, acho que é a melhor palavra. Não sinto nada. Dor, amor, interesse, tudo isso sumiu.
Acho que eu dormi, morri e esqueci de fechar os olhos. Não quero, não gosto, não sinto, não ouço, não falo, estou presa em mim, não quero sair. Sair pra que? Passar pelos mesmos problemas, pelas mesmas tristezas?
   Não, muito obrigada, mas eu prefiro continuar assim, imperturbável, insensível e inativa.

Alice N.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sonho

Hoje eu tive um sonho tão bom... Sonhei que você me abraçava, e ficava assim, sem pressa de me largar. Pude sentir o seu cheiro. Tão real, que parecia que você estava do meu lado me olhando enquanto eu dormia. 
Eu não queria acordar, daria qualquer coisa pra me manter ali, sentindo você, sentido o quanto você me queria por perto, como se eu fosse a coisa mais preciosa na sua vida...
Nem sei se um dia foi assim, mas é assim que eu me lembro. E é bom, fingir que foi perfeito, para ter algo para se lembrar e sentir saudade.
Não queria ter acordado, poderia passar o resto da vida adormecida, com aquele momento gravado nos meus pensamentos , vivendo daquilo, aproveitando cada segundo, sabendo que nunca iria chegar ao último..
Você me completava... e só daquele jeito, eu me sentia inteira, sentia como se todas as lacunas fossem preenchidas, todos os meus problemas pareciam não ter a menor importância.
Eu só queria ficar ali, com você, para sempre.

Alice N.

domingo, 15 de maio de 2011

Você era sol e eu queria luz. Era chuva e eu precisava de água. Éramos começo, novidade. O primeiro doce do pacote, a primeira mordida de uma boca com fome. E eu era faminta. Saboreava a vida como um tempero exótico. Eu era a cega que voltava a ver, e você era a primeira tonalidade. Enfim, éramos um doce. Um doce problema. Porque o problema de toda novidade é que o novo tem validade.

Curta. Não importa o quanto o sentimento seja legítimo: se é novo, uma hora fica velho. Com o tempo, cria artrites, os ossos enfraquecem, e como nas pessoas, o coração falha. Às vezes entope, às vezes corre. Mas tem vezes que pára. Hoje eu quis entender porque é que o meu desacelerou. Se era antes capaz de parar o tempo, decretar a paz e jurar estabilidade, hoje negou a si mesmo. Não porque era superficial, nem porque não aguentou o tranco. Sinceramente, eu nem sei bem o por quê. Só sei que hoje eu quis um pouco mais de mim e um pouco menos de você.

Não sei se chamo isso de fracasso, vulnerabilidade ou se é só uma lição pra me fazer te dar valor quando tudo não parecer mais tão seguro. Sou vulnerável às mudanças do tempo e não tenho imunidade contra o desinteresse. Ninguém tem. Ninguém que teve um brinquedo, uma música favorita ou um sentimento extraordinário saberia eternizar o impulso do início. A insatisfação, muitas vezes, é o que faz as coisas andarem. E desta vez, ela me faz andar para um lado contrário ao teu.

Por mais que a contraditória aqui seja eu. Ou que as palavras tão firmes de antes hoje pareçam poeira. Se até a dona natureza, que é sábia, tem mudanças de estações, eu - que sei tão pouco de tudo - acho que também posso ter. E posso criar meu próprio tsunami se bem entender. Correndo o risco sim, de parecer volúvel. Mas nunca me entregando à mediocridade que é viver com um coração resignado. Ou de oferecer amor em um tom apagado. Se é vida o que você me propõe, considere a missão cumprida. Quanto mais inexplicável tudo parece, mais eu me sinto viva.

fonte: http://blogdamilena.blogspot.com/2008/07/desapego